domingo, 1 de maio de 2016

Dicas para paciente de esvaziamento cervical e síndrome do ombro caído

O câncer de cabeça e pescoço representa em média cerca de 5% de todos os tipos de cânceres no Brasil, e os locais mais acometidos são a cavidade oral, faringe, cavidade nasal, seios paranasais, laringe e tireóide. O tratamento em geral consiste em cirurgia ou radioterapia nos estágios iniciais, e o tratamento combinado pode ser utilizado nos casos mais avançados.

O procedimento cirúrgico mais utilizado nestes casos é o esvaziamento cervical, que consiste na retirada dos linfonodos na região do pescoço. Apesar de ser um procedimento extremamente necessário, a fim de reduzir as chances de retorno da patologia, durante o procedimento cirúrgico muitas estruturas importantes são manipuladas e pode ocorrer a sensibilização ou lesão do nervo acessório. Este nervo é responsável pelo músculo trapézio superior e a lesão deste nervo pode ocasionar como sequela a síndrome do ombro caído, que caracteriza-se por um quadro clínico de dor na região entre o pescoço e o ombro e limitação dos movimentos do ombro.

Logo após a cirurgia, os pacientes queixam-se de alteração de sensibilidade, dor, redução de força no membro superior ao lado do esvaziamento. O mais importante logo após a cirurgia é o médico compreender que este paciente precisa de um tratamento especializado da fisioterapia, que ajudará a reduzir a dor, melhorar a sensibilidade, auxiliar o movimento do pescoço e favorecer os músculos acessórios ao trapézio superior, para manter a função do pescoço e ombro.

Foto arquivo pessoal - paciente com ombro caído

Além disto, é indicado que o paciente evite carregar peso ou fazer manipulações severas com o membro superior ao lado do esvaziamento cervical. Todo cuidado pós cirúrgico é necessário, mas isto não indica que o paciente não possa se mexer, pois imobilidade gera restrição ao movimento e pode contribuir para dor posteriormente.

Outra dica importante ao paciente é o cuidado com a postura. Sabendo-se que a cirurgia de esvaziamento deixa uma cicatriz considerável na região do pescoço, o paciente deve manter a cabeça alinhada ao tronco, evitando manter a cabeça em rotação e flexão. Apesar de parecer uma dica simples, ela é muito valiosa para evitar aderência dos músculos e da fáscia (tecido que reveste todo o corpo) e a perda de movimento do pescoço, principalmente na extensão. Atenção pacientes para o uso de equipamentos como o celular, computador e a postura para assistir televisão.

Foto arquivo pessoal - paciente com adêrencia devido a má postura no pós operatório

Ao contrário do que muitos imaginam, a fisioterapia deve ser iniciada logo após a cirurgia com manobras suaves como a drenagem linfática e mobilizações passivas na escápula, ombro e cervical. Além disso, são realizados exercícios de estabilização da cintura escapular e complexo do ombro, bem como alongamentos suaves e dinâmicos dos músculos do pescoço. Todas as condutas são realizadas de forma suave e progressiva, respeitando o desconforto do paciente e evoluindo conforme possível. 

E por fim, mas não menos importante, é que a fisioterapia deve ser realizada por um fisioterapeuta especializado em reabilitação de cabeça e pescoço. Nem todo fisioterapeuta sabe tratar este segmento, pois é necessário conhecimento e habilidade.

arquivo pessoal - vídeo de um exercício de estabilização escapular

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